Demóstenes Torres veiculou no seu twitter um lote de notas inusuais. Normalmente, ataca. Teve de defender-se. Habitualmente desconfia. Viu-se compelido a responder à desconfiança que passou a inspirar.
Alvejado por suspeições variadas, emanadas de grampos e relatórios atribuídos à Polícia Federal, Demóstenes concentrou-se na notícia que, como promotor licenciado, sabe ser a mais grave.
Anotou: “De todos os absurdos publicados contra mim, os mais danosos estão no site da CartaCapital. Os informantes da revista estão enganados.” Noticiou-se que Demóstenes seria beneficiário de
30% do faturamento dos negócios do mercador de jogos ilegais Carlinhos Cachoeira.
Não e não, Demóstenes
escreveu: “Não faço parte nem compactuo com qualquer esquema ilícito, não integro organização ilegal nem componho algo do gênero.” Durante todo o dia, o senador preferira terceirizar a voz ao
advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, seu defensor.
Para explicar o porquê de ter decidido quebrar o silêncio via internet,
alegou: “Desminto essas inverdades em respeito a minha família, aos meus amigos, às minhas colegas e meus colegas senadores, a Goiás e ao Brasil.” Absteve-se de comentar notícia por notícia.
Silenciou sobre os R$
3 mil que teria pedido a Cachoeira para pagar o uso de um táxi aéreo. Nada disse sobre os
favores supostamente recebidos do bicheiro (um tablet novo, um avião no pátio). Esquivando-se do varejo, defendeu-se no
atacado: “As injúrias, as calúnias e as difamações minam a resistência até de quem nada teme, mas permaneço firme na fé de que a verdade triunfará.”
Lamentou que a tempestade lhe chegue na velocidade de um alazão e estimou que a bonança virá montada numa
tartaruga: “Dói enfrentar o olhar sofrido de familiares torcendo para o tormento passar logo. Mas as inverdades chegam açodadas; a reparação, lentamente.”
Considera-se
injustiçado: “Para tripudiar sobre mim e o mandato que o povo me confiou, desrespeitam os mais elementares princípios constitucionais.” Mas vê luz no final do seu túnel
escuro: “A tudo suporto porque nada fiz para envergonhar meu partido, o Senado, Goiás e o Brasil. Essa é a verdade que, ao final, prevalecerá.”
Demóstenes escorou-se no
divino: “O sofrimento provocado pelos seguidos ataques a minha honra é difícil de suportar, mas me amparo em Deus e na certeza de minha inocência.” A julgar pelo sentimento dos
colegas de Senado, entre eles José
Agripino Maia, presidente do DEM, a certeza depende agora de investigações que espanquem as dúvidas.
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