sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Primo de Marcinho VP está entre os presos da Operação Guilhotina

POR MARCO ANTONIO CANOSA
Rio - Entre os presos na Operação Guilhotina deflagrada, na manhã desta sexta-feira, está o 3° sargento da Polícia Militar, Carlos Eduardo Nepomuceno (Cadu), primo do traficante Marcinho VP. De acordo com a Polícia Federal ele estava cedido para a Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). Até o momento foram contabilizados 35 mandados de prisão cumpridos, dos quais oito são policiais civis e 19 são policiais militares.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Policiais Federais deram início a operação na manhã desta sexta-feira | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
O traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, é apontado como o principal mandante dos ataques ao Rio em 2010 e está preso, desde novembro do ano passado, na penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia. O bandido faz parte da facção criminosa Comando Vermelho. Em outubro de 2010, o traficante Marcelo Paixão Neponuceno, conhecido como Chiclete, irmão do traficante Marcinho VP, foi preso em casa, em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio.

Delegado será transferido para Bangu 8

Ainda nesta tarde o delegado Carlos Antônio Luiz Oliveira se entregou à Superintendência da Polícia Federal e deve prestar depoimento ainda no decorrer do dia. Ele ocupou cargo de subchefe da Polícia Civil do Rio e foi exonerado nesta manhã. De acordo com a Polícia Federal, ele será transferido, ainda hoje, para o presídio Bangu 8.
Carlos Oliveira  - de acordo com nota divulgada pela Seop à imprensa - estava no cargo há pouco mais de um mês. A Seop afirma ainda que irá acompanhar atentamente as investigações da PF e colaborar com o caso.

>>CONFIRA: Lista de pessoas com a prisão decretada pela Justiça

Beltrame: 'Situação é muito ruim'

Mais cedo, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que o chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Alan Turnowski, goza da sua confiança e que ele é apenas testemunha nas ações que desencadearam a Operação Guilhotina.

Em relação ao delegado Carlos Antônio Luiz Oliveira, Beltrame afirmou que a situação dele é "muito ruim e já está consubstanciada". O superintendente da PF, delegado Ângelo Fernando Gióia, acrescentou dizendo que existem provas materias para o pedido de sua prisão, uma vez que ele estaria relacionado com os policiais envolvidos no espólio de guerra (subtração de produtos de crime), desvio de armas e repasse de informações a traficantes.

"Estamos realizando um trabalho belíssimo e histórico. O problema do Rio é antigo e sério e felizmente estamos encontrando parceiros que nos ajudam. Não vou abrir mão de qualquer parceria e acredito que estamos dando respostas concretas à sociedade no combate ao crime" , completou.
Ação mobiliza 580 homens

A Operação Guilhotina foi deflagrada pela PF na manhã desta sexta-feira, com o apoio de 200 agentes da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) e do Ministério Público Estadual (MPRJ). O objetivo é cumprir 45 mandados de prisão preventiva - sendo 11 contra policiais civis e  21 contra policiais militares -, e 48 mandados de busca e apreensão.

Cerca de 380 homens da PF participam da ação, que ainda investiga a ligação dos policiais com venda de armas e informações e o chamado "espólio de guerra", que é a subtração de produtos de crime encontrados em operações policiais, como ocorrido na recente ocupação do Complexo do Alemão.
Agentes da PF fizeram buscas na 22ª DP (Penha) | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
As investigações iniciaram a partir de vazamento de informações numa operação conduzida pela PF em 2009,  que tinha como principal objetivo prender o traficante Rupinol, que atuava na Favela da Rocinha junto Nem, apontado como o chefe do tráfico na comunidade. De acordo com a Polícia, um grupo de policiais é suspeito de receber até R$ 100 mil por mês para proteger Nem e o avisar sobre operações no local.

A partir daí, duas investigações paralelas foram iniciadas, uma da Corregedoria Geral Unificada da SSP e outra da Superintendência da PF. A troca de informações entre os serviços de inteligência das duas instituições deu origem ao trabalho conjunto desta manhã.



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