sábado, 7 de novembro de 2009

PF impõe uma nova punição ao delegado Protógenes

Alan Marques/Folha

Pelo telefone, o delegado Protógenes Queiroz recebeu a informação de que a sua Polícia Federal lhe impusera uma nova punição.

O telefonema lhe chegou no instante em que participava do 12º Congresso do PCdoB.

O mesmo evento em que, mais tarde, Lula e Dilma Rousseff discursariam sob efusivos aplausos.

Ao divulgar a notícia, Protógenes disse que fora “demitido”. Lorota, esclareceria o Ministério da Justiça.

Em verdade, o delegado foi suspenso por 60 dias. Mera renovação de punição já lhe fora imposta anteriormente.

"Vou recorrer à Justiça do meu país”, reagiu Protógenes. “Ainda acredito na Justiça do Brasil. Ainda existem juízes dignos e honestos neste país”.

O ex-mandachuva da Satiagraha disse que a punição decorre da acusação de ter participado de um comício, em Poços de Caldas (MG).

Nova imprecisão. Na realidade, Protógenes é acusado de ter gravado uma mensagem de apoio a um candidato à prefeitura local.

Chama-se Paulo Tadeu Silva D'Arcádia. É petista. A despeito do apoio do delegado famoso, foi derrotado.

Para usar uma linguagem ao gosto de Protógenes, a “prova-mãe” do processo administrativo é um vídeo.

Foi ao ar em 2008, na propaganda televisiva do candidato. Na peça, Protógenes refere-se à promessa do candidato de abrir na cidade uma delegacia da PF.

Para seus superiores, Protógenes falou em nome da instituição. Algo que não poderia ter feito.

Em sua defesa, o delegado alegara que se limitara a mencionar, em caráter pessoal, a promessa do petista Paulo Tadeu. A peça vai abaixo.

Protógenes é agora um neocomunista. Filiou-se ao PCdoB. E vai às urnas de 2010 como candidato a uma cadeira no Congresso.

A eventual imunidade parlamentar talvez lhe seja útil. A suspensão é ante-sala da demissão. O processo, por ora administrativo, deve converter-se em judicial.

Não é a única encrenca que espreita Protógenes. Há outros procedimentos abertos contra ele na PF.

Num deles, o delegado é acusado de protagonizar desvios de conduta na condução da Operação Satiagraha.

Apura-se, entre outras coisas o uso indevido de agentes da Abin e a espionagem ilegal de autoridades alheias à investigação.

Alvo da Satiagraha, o investigado-geral da República Daniel Dantas –livre, leve e solto— serve-se das acusações para desqualificar o processo de que é alvo.

Para desassossego de Dantas, já condenado em primeira instância por tentativa de subornar um delegado, a peça que sustenta as acusações não é de Protógenes.

É da lavra do delegado Ricardo Saadi, que, ao conduziu a segunda fase da Satiagraha, livrou o inquérito dos alegados vícios protogênicos.

Escrito por Josias de Souza às 05h32

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