PF prende ex-chefe de delegacia da Polícia Rodoviária Federal no Rio (Postado por Erick Oliveira)
(Correção: durante a entrevista coletiva, a Polícia Federal se referiu ao preso como chefe da 3ª delegacia de Polícia Rodoviária Federal. Posteriormente, a Polícia Rodoviária Federal informou que o preso é ex-chefe e que saiu do cargo em dezembro do ano passado, durante as investigações. A reportagem foi corrigida às 13h21.)
Os presos são suspeitos de participar de um esquema de corrupção de cobrança de propina de empresários da região de Angra dos Reis, Itaguaí, Paraty e Mangaratiba.
Galvão explica que o ex-chefe da delegacia era sócio de uma empresa de ônibus. “A empresa era uma das beneficiadas pelo esquema de corrupção”, garantiu o delegado. A ação conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Agentes presos trabalhavam na Rio-Santos
Ainda de acordo com o Fábio Galvão, 18 pessoas foram denunciadas pelo esquema. Destas, 15 são da PRF. As outras três são empresários. Dos dez mandados de prisão expedidos, oito foram cumpridos. Um não pôde ser cumprido porque o policial havia sido assassinado no dia 4 de março, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ainda falta cumprir um mandado de prisão.
Os policiais denunciados eram responsáveis pela fiscalização na BR-101 Sul (Rio-Santos). O delegado explicou também que os agentes foram denunciados pelo Ministério Público Federal por crimes como inserção de dados falsos no sistema da PRF, corrupção, formação de quadrilha armada, violação de sigilo funcional e advocacia administrativa (contato para retirar multas). “Os agentes avisavam até de barreiras da PRF a quem pagava propina”, disse Galvão.
Empresário preso em flagrante
Fábio Galvão revelou também que um empresário, suspeito de recolher propina de colegas para repassar aos agentes, foi preso em flagrante nesta manhã. Ele estava com armas e munições.
Segundo o delegado, a investigação começou em outubro de 2009 após denúncia feita por um caminhoneiro. “A testemunha, que teve que pagar R$ 40 de propina, tinha GPS no caminhão. Então tivemos como comprovar o depoimento”, afirmou Galvão. A investigação se estendeu até dezembro de 2010.
Ainda segundo Galvão, alguns empresários vão ser investigados por corrupção ativa, já outros são vítimas do esquema. “Os empresários que não pagavam, sofriam retaliação por parte dos agentes da PRF, como multas e apreensão dos veículos”, disse.
Incompatibilidade de bens
Para o delegado Galvão, existia uma incompatibilidade de bens entre os agentes da PRF. “Um deles acumulou R$ 2,4 milhões em 5 anos , enquanto seu salário rendia R$ 10 mil em um ano”, afirmou.
A operação mobilizou 120 policiais. Os presos foram levados para a sede da Superintendência da PF no Rio, na Praça Mauá, no Centro, e posteriormente para o presídio de Bangu 8. Segundo o delegado Fábio Galvão, os policiais devem ser expulsos da PRF.
Operação Guilhotina
No dia 11 de fevereiro, a PF deflagrou uma megaoperação, chamada de Operação Guilhotina, para prender suspeitos de envolvimento com milícia, tráfico de drogas e armas e exploração de máquinas de caça-níqueis. Na época, foram presas 38 policiais civis e militares suspeitos de diversos crimes.
Entre eles o ex-subchefe operacional da Polícia Civil, delegado Carlos Oliveira. A prisão do delegado acabou provocando a saída do então chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski.