Polícia Federal (Blog N. 346) Parceria: O Porta-Voz e Painel do Coronel Paim
terça-feira, 24 de abril de 2012
A Controladoria Geral da União (CGU) publica nesta terça, no Diário Oficial da União (DOU), portaria abrindo processo que pode proibir a Delta Construções, acusada de envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, de firmar contratos com o governo federal, como informou o jornal O Estado de S. Paulo no sábado.
Uma comissão composta por três servidores da Corregedoria Geral da União foi nomeada para tocar os trabalhos, que não têm prazo para terminar. Segundo a assessoria da CGU, o ministro Jorge Hage cobrou celeridade no processo, desde que respeitado o direito de defesa.
A comissão ouvirá os gestores públicos dos contratos da Delta, além de dirigentes da própria empreiteira. Ao fim do processo, se condenada, a empresa poderá ser suspensa do serviço público de um mês a até dois anos; ou declarada inidônea, o que significa que será banida por, no mínimo, dois anos. Após esse prazo, a reabilitação só é possível mediante pedido, desde que as irregularidades cometidas tenham sido sanadas.
A decisão de abrir o processo foi tomada na sexta-feira, após uma reunião de Hage com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. A apuração se baseia na Operação Monte Carlo, que mostrou indícios de tráfico de influência da empreiteira no serviço público, além de informações da Operação Mão Dupla, desencadeada pela Polícia Federal no Ceará, em 2010.
Conforme o inquérito, servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Estado recebiam mensalão da Delta para favorecê-la. Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou no dia 14, nada menos que 60 obras da construtora em rodovias federais, cujos contratos superam os R$ 600 milhões, tinham irregularidades, constatadas pela CGU em fiscalizações a partir de 2007.
A partir de uma eventual declaração de inidoneidade, os contratos já em andamento podem ser interrompidos ou não, dependendo da avaliação a ser feita. A CGU explica que será levado em conta o que for 'mais vantajoso para o interesse público'. Só no Dnit, órgão no qual concentra atividades, a Delta tem 99 contratos ativos.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Cachoeira vazava operações da PF para a chefe de gabinete de Perillo, governador tucano de GO (Josias de Souza)
No curso das investigações da Operação Monte Carlo, a Polícia Federal detectou uma inusitada triangulação telefônica entre o contraventor Carlinhos Cachoeira e Eliane Gonçalves Pinheiro, a chefe de gabinete do governador tucano de Goiás Marconi Perillo.
Munido de informações recolhidas pela rede de policiais que prestava serviços à sua quadrilha, Cachoeira repassava à assessora de Perillo dados sigilosos de operação da própria Polícia Federal.
A conexão de Cachoeira com o gabinete do governador tucano consta de relatório da PF. É o que informam os repórteres Chico de Gois e Jailton de Carvalho. A dupla trouxe à luz oconteúdo de torpedos e conversas captadas pela PF.
Cachoeira repassou a Eliane dados referente a uma operação policial desencadeada em 13 de maio de 2011. Chamava-se Operação Apate. Visava desbaratar esquema de fraudes contra a Receita Federal. Coisa de R$ 200 milhões.
Envolvia o cumprimento de 82 mandados judiciais de busca e apreensão e 13 ordens de prisão em cinco Estados: Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Pará e Minas Gerais. Envolvia prefeitos e servidores graduados de vários municípios.
A chefe de gabinete de Perillo dispunha de um aparelho de rádio Nextel igual ao que Cachoeira cedera ao senador Demóstenes Torres. Um equipamento habilitado em Miami, que a quadrilha supunha imune a grampos.
Em 12 de maio, véspera da operação farejada pela rede de iformantes de Cachoeira, o contraventor trocou torpedos com Eliane. O primeiro alerta seguiu às 20h16: “Vai ter busca na casa e prefeitura”, avisou Cachoeira. E Eliane: “Ok, entendi.”
Cachoeira foi específico: “Somente busca.” E aconselhou: “Pede a ele que tire as filhas de lá.” Eliane respondeu: “Elas estão na casa dele em Taguatinga. Vc. acha q eles vão procurar lá tbem? Ele tem as duas residências”.
“Acredito q não. Uruaçu, Minaçu”, anotou Cachoeira, referindo-se a dois municípios que reeberiam a visita de agentes da PF. O contraventor encerra a troca de mensagens com um par de interrogações: “Entendeu? Falou pro chefe?”
Como que decidido a certificar-se de que Eliane compreendera suas mensagens, Cachoeira tocou o telefone para ela doze minutos depois do intercâmbio de mensagens. O diálogo foi capturado pelo grampo.
“Eliane?”, inicia Cachoeira. “Estou ouvindo”, Eliane responde. Esquivando-se de mencionar o nome do chefe de sua interlocutora, o contraventor indaga: “Falou pro maior?” E Eliane: “Falei, estou com ele aqui. Tá aqui. Imagina como que tava.”
Antes do término do diálogo vadio, Eliane perscruta sobre a existência de novo alvos da PF. Cachoeira responde, em mau português: “Não. Já, já eu te falo. O que eu sei é esses aí. Num tem ninguém grande não.” Eliane roga: “Se você ficar sabendo, me fala. Tem uns pequenos aí que interessa à gente.”
Ouvida, a chefe de gabinete de Perillo reconheceu que conhece Cachoeira desde 2003. Declara que a Eliane mencionada no relatório da PF pode ser uma advogada homônima. Impossível. A PF menciona no documento nome, sobrenome, CPF e os números dos telefones utilizados.
Eliane diz que o Nextel fisgado pela PF não veio de Cachoeira. Alega que um amigo lhe cedeu o aparelho para que ela o utilizasse numa viagem ao exterior. Chama-se Wladimir Garcez. Vem a ser um ex-vereador. Segundo a PF, integra a quadrilha de Cachoeira.
Procurado, Perillo manifestou-se por meio da assessorial. Mandou dizer que desconhece a relação de sua chefe de gabinete com Carlinhos Cachoeira. E mais não disse.
De acordo com a PF, Cachoeira repassou dados policiais sigilosos também para Cláudio Dias Abreu, um ex-diretor da construtora Delta no Estado de Goiás. Esas conversas também foram pilhadas nas escutas telefônicas.
Cláudo Abreu recorreu aos bons préstimos de Cachoeira, por exemplo, em 14 de julho de 2011. Buscava informações sobre operação que a PF realizaria no Pará. “É deixa eu te falar, nós ficamos sabendo que vai ter uma operação lá no Pará, dá pra você levantar se vai ter reflexo aqui?”
Cachoeira tranquiliza o interlocutor. Declara que, se a operação paraense fosse chegar a Goiás, um dos delegados ligados à quadrilha já teria alertado. Presidente da Delta, Fernando Soares negou, por meio da assessoria, que a construtora mantenha vínculos com Cachoeira. Disse que Cláudio Abreu foi desligado da empresa em 8 de março, após a deflagração da Operação Monte Carlo.
- Atualização feita às 1058 desta terça (4): Eliane Pinheiro exonerou-se do gabinete de Marconi Perillo.
Munido de informações recolhidas pela rede de policiais que prestava serviços à sua quadrilha, Cachoeira repassava à assessora de Perillo dados sigilosos de operação da própria Polícia Federal.
A conexão de Cachoeira com o gabinete do governador tucano consta de relatório da PF. É o que informam os repórteres Chico de Gois e Jailton de Carvalho. A dupla trouxe à luz oconteúdo de torpedos e conversas captadas pela PF.
Cachoeira repassou a Eliane dados referente a uma operação policial desencadeada em 13 de maio de 2011. Chamava-se Operação Apate. Visava desbaratar esquema de fraudes contra a Receita Federal. Coisa de R$ 200 milhões.
Envolvia o cumprimento de 82 mandados judiciais de busca e apreensão e 13 ordens de prisão em cinco Estados: Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Pará e Minas Gerais. Envolvia prefeitos e servidores graduados de vários municípios.
A chefe de gabinete de Perillo dispunha de um aparelho de rádio Nextel igual ao que Cachoeira cedera ao senador Demóstenes Torres. Um equipamento habilitado em Miami, que a quadrilha supunha imune a grampos.
Em 12 de maio, véspera da operação farejada pela rede de iformantes de Cachoeira, o contraventor trocou torpedos com Eliane. O primeiro alerta seguiu às 20h16: “Vai ter busca na casa e prefeitura”, avisou Cachoeira. E Eliane: “Ok, entendi.”
Cachoeira foi específico: “Somente busca.” E aconselhou: “Pede a ele que tire as filhas de lá.” Eliane respondeu: “Elas estão na casa dele em Taguatinga. Vc. acha q eles vão procurar lá tbem? Ele tem as duas residências”.
“Acredito q não. Uruaçu, Minaçu”, anotou Cachoeira, referindo-se a dois municípios que reeberiam a visita de agentes da PF. O contraventor encerra a troca de mensagens com um par de interrogações: “Entendeu? Falou pro chefe?”
Como que decidido a certificar-se de que Eliane compreendera suas mensagens, Cachoeira tocou o telefone para ela doze minutos depois do intercâmbio de mensagens. O diálogo foi capturado pelo grampo.
“Eliane?”, inicia Cachoeira. “Estou ouvindo”, Eliane responde. Esquivando-se de mencionar o nome do chefe de sua interlocutora, o contraventor indaga: “Falou pro maior?” E Eliane: “Falei, estou com ele aqui. Tá aqui. Imagina como que tava.”
Antes do término do diálogo vadio, Eliane perscruta sobre a existência de novo alvos da PF. Cachoeira responde, em mau português: “Não. Já, já eu te falo. O que eu sei é esses aí. Num tem ninguém grande não.” Eliane roga: “Se você ficar sabendo, me fala. Tem uns pequenos aí que interessa à gente.”
Ouvida, a chefe de gabinete de Perillo reconheceu que conhece Cachoeira desde 2003. Declara que a Eliane mencionada no relatório da PF pode ser uma advogada homônima. Impossível. A PF menciona no documento nome, sobrenome, CPF e os números dos telefones utilizados.
Eliane diz que o Nextel fisgado pela PF não veio de Cachoeira. Alega que um amigo lhe cedeu o aparelho para que ela o utilizasse numa viagem ao exterior. Chama-se Wladimir Garcez. Vem a ser um ex-vereador. Segundo a PF, integra a quadrilha de Cachoeira.
Procurado, Perillo manifestou-se por meio da assessorial. Mandou dizer que desconhece a relação de sua chefe de gabinete com Carlinhos Cachoeira. E mais não disse.
De acordo com a PF, Cachoeira repassou dados policiais sigilosos também para Cláudio Dias Abreu, um ex-diretor da construtora Delta no Estado de Goiás. Esas conversas também foram pilhadas nas escutas telefônicas.
Cláudo Abreu recorreu aos bons préstimos de Cachoeira, por exemplo, em 14 de julho de 2011. Buscava informações sobre operação que a PF realizaria no Pará. “É deixa eu te falar, nós ficamos sabendo que vai ter uma operação lá no Pará, dá pra você levantar se vai ter reflexo aqui?”
Cachoeira tranquiliza o interlocutor. Declara que, se a operação paraense fosse chegar a Goiás, um dos delegados ligados à quadrilha já teria alertado. Presidente da Delta, Fernando Soares negou, por meio da assessoria, que a construtora mantenha vínculos com Cachoeira. Disse que Cláudio Abreu foi desligado da empresa em 8 de março, após a deflagração da Operação Monte Carlo.
- Atualização feita às 1058 desta terça (4): Eliane Pinheiro exonerou-se do gabinete de Marconi Perillo.