sábado, 28 de novembro de 2009

Alvos de investigação no DF já foram denunciados por corrupção

FERNANDA ODILLA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Os principais alvos da operação Caixa de Pandora são antigos aliados políticos do governador José Roberto Arruda (DEM) e já foram denunciados por esquemas de corrupção semelhantes aos apontados agora pela PF no Distrito Federal.

O ex-policial civil Durval Barbosa, colaborador da investigação que gravou a conversa com Arruda, e sócios e funcionários das empresas Linknet e Adler -citadas na autorização de busca e apreensão executada pela PF- foram denunciados pelo Ministério Público Federal por usar dinheiro público na campanha eleitoral de 2002.

Segundo a denúncia, eles fizeram parte do esquema de desvio de recursos do GDF (Governo do Distrito Federal) que bancaram a reeleição de Joaquim Roriz, ex-peemedebista que se filiou ao PSC recentemente. Roriz e as empresas negam as acusações. As investigações estão em curso.

Entre os alvos da operação deflagrada ontem, estão ex-secretários e aliados rorizistas, como a deputada distrital e ex-secretária de Educação Eurides Brito (PMDB), Fábio Simão, ex-secretário particular de Roriz, José Geraldo Maciel, ex-secretário de Saúde do governo passado, e o próprio Durval Barbosa, que foi presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal.

Barbosa também é investigado desde junho de 2008 pela PF por corrupção e desvio de dinheiro público. Entre 2002 e 2005, teriam sido repassados a empresas cerca de R$ 120 milhões da Companhia de Planejamento do Distrito Federal, durante sua gestão no órgão.

Algumas das empresas estão na lista oficial de pagamento do GDF há mais de oito anos. "Já foram alvo de muitas denúncias e continuaram prestando serviços para o governo. Espero que esses contratos sejam revistos", disse Cabo Patrício (PT), vice-presidente da Câmara Legislativa.

sábado, 7 de novembro de 2009

PF impõe uma nova punição ao delegado Protógenes

Alan Marques/Folha

Pelo telefone, o delegado Protógenes Queiroz recebeu a informação de que a sua Polícia Federal lhe impusera uma nova punição.

O telefonema lhe chegou no instante em que participava do 12º Congresso do PCdoB.

O mesmo evento em que, mais tarde, Lula e Dilma Rousseff discursariam sob efusivos aplausos.

Ao divulgar a notícia, Protógenes disse que fora “demitido”. Lorota, esclareceria o Ministério da Justiça.

Em verdade, o delegado foi suspenso por 60 dias. Mera renovação de punição já lhe fora imposta anteriormente.

"Vou recorrer à Justiça do meu país”, reagiu Protógenes. “Ainda acredito na Justiça do Brasil. Ainda existem juízes dignos e honestos neste país”.

O ex-mandachuva da Satiagraha disse que a punição decorre da acusação de ter participado de um comício, em Poços de Caldas (MG).

Nova imprecisão. Na realidade, Protógenes é acusado de ter gravado uma mensagem de apoio a um candidato à prefeitura local.

Chama-se Paulo Tadeu Silva D'Arcádia. É petista. A despeito do apoio do delegado famoso, foi derrotado.

Para usar uma linguagem ao gosto de Protógenes, a “prova-mãe” do processo administrativo é um vídeo.

Foi ao ar em 2008, na propaganda televisiva do candidato. Na peça, Protógenes refere-se à promessa do candidato de abrir na cidade uma delegacia da PF.

Para seus superiores, Protógenes falou em nome da instituição. Algo que não poderia ter feito.

Em sua defesa, o delegado alegara que se limitara a mencionar, em caráter pessoal, a promessa do petista Paulo Tadeu. A peça vai abaixo.

Protógenes é agora um neocomunista. Filiou-se ao PCdoB. E vai às urnas de 2010 como candidato a uma cadeira no Congresso.

A eventual imunidade parlamentar talvez lhe seja útil. A suspensão é ante-sala da demissão. O processo, por ora administrativo, deve converter-se em judicial.

Não é a única encrenca que espreita Protógenes. Há outros procedimentos abertos contra ele na PF.

Num deles, o delegado é acusado de protagonizar desvios de conduta na condução da Operação Satiagraha.

Apura-se, entre outras coisas o uso indevido de agentes da Abin e a espionagem ilegal de autoridades alheias à investigação.

Alvo da Satiagraha, o investigado-geral da República Daniel Dantas –livre, leve e solto— serve-se das acusações para desqualificar o processo de que é alvo.

Para desassossego de Dantas, já condenado em primeira instância por tentativa de subornar um delegado, a peça que sustenta as acusações não é de Protógenes.

É da lavra do delegado Ricardo Saadi, que, ao conduziu a segunda fase da Satiagraha, livrou o inquérito dos alegados vícios protogênicos.

Escrito por Josias de Souza às 05h32