quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Diretor da PF sem 'padrinho'

Superintendente da polícia em São Paulo vai comandar a corporação durante o governo Dilma


Ao nomear o superintendente de São Paulo, Leandro Daiello Coimbra, para a diretoria geral da Polícia Federal, o futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, optou por não politizar a instituição e evitou atender a pedido de caciques.

As pressõess tornaram o processo de escolha lento e desgastante e geraram um atraso no anúncio. Tudo em busca de evitar arestas na instituição.


Daiello, 44, preferia ser adido na embaixada na Itália. Foto: Danilo Verpa/Folhapress - 8/7/08
Cardozo entrevistou cinco candidatos. Optou pelo mais novo e sem padrinho político, em harmonia com os interesses da presidente eleita, Dilma Rousseff. Coimbra tem 44 anos, ´uma criança`, diz o futuro ministro, e tem origem no combate a crimes fazendários.

Tentaram influir na seleção o atual dirigente da PF, Luiz Fernando Corrêa, que oficializou a aposentadoria, o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro.

No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Polícia Federal viveu altos e baixos.

O ex-diretor geral Paulo Lacerda, que comandou a instituição de 2003 a 2007, conseguiu pacificar os ânimos depois de um momento turbulento: no governo Fernando Henrique Cardoso, ela teve sete dirigentes.

Um deles (João Batista Campelo) ficou três dias no cargo. A organização voltou a ser alvo de polêmicas com a gestão de Corrêa. Nos últimos oito anos, foram mais de 15 mil prisões. Cerca de 10% dos detidos eram servidores públicos. Ao todo, houve 2.560 operações.

A partir de 2008, a PF retomou o foco no combate ao crime organizado e ao narcotráfico.

Diante desse quadro, Cardozo e Dilma descartaram atender ao pedido de Tarso para nomear o superintendente no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, o lobby de Corrêa por Roberto Troncon Filho, atual diretor de combate ao crime organizado, e até a sugestão de Bastos e do atual titular da Justiça, Luiz Paulo Barreto, por Geraldo José Araújo, secretário de Segurança do Pará. Além deles, Cardozo também entrevistou o atual diretor executivo, Luiz Pontel de Souza.

Coimbra preferia ter sido nomeado adido na embaixada na Itália. ´Se me derem essa missão, assumo`, comentou o futuro diretor-geral a um interlocutor. Segundo a fonte, ele teria dito que preferiria até assumir a superintendência do Rio Grande do Sul. Cardozo ignorou sinais contrários e fez o convite. O ministro indicado por Dilma elogiou o trabalho de Corrêa e dos delegados cogitados para o cargo. Minimizou disputas e disse ter encontrado a instituição em ´clima de harmonia`.

Gaúcho de Porto Alegre, Leandro tem 44 anos, é casado e pai de duas filhas. Começou na Polícia Federal em 1995, em seu estado natal. Gremista - como faz questão de ressaltar - assumiu a Superintendência da PF em São Paulo em 2008. (Tiago Pariz, Edson Luiz e Alana Rizzo).

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tribunal de Justiça de MS derruba censura contra Midiamax no caso Uragano


Celso Bejarano e Éser Cáceres
A Seção Criminal do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) restabeleceu a liberdade do jornal Midiamax para publicar reportagens sobre as investigações da Polícia Federal da Operação Uragano, que pôs na cadeia 29 pessoas por suposta ligação com uma quadrilha que fraudava licitações públicas.
A última matéria acerca do assunto, exibida no dia 30 de setembro passado, ganhou esse título: “Puccinelli [governador reeleito] e Girotto [deputado federal eleito] seriam os donos da CGR, empreiteira que domina as obras do Estado”.
A censura caiu porque a Seção Criminal do TJ-MS acatou o agravo regimental em denúncia movido pelos advogados do Midiamax. O recurso levou dois meses para ser apreciado.
A reportagem que citava o governador reeleito e Edson Giroto, deputado federal eleito, como supostos donos da empreiteira CGR foi publicada na tarde do dia 30 de setembro passado e, já às 22 horas daquele dia, com uma liminar , retirada do ar.
O pedido para tirar do ar o material partiu de um recurso judicial movido pelo empreiteiro Carlos Gilberto Recalde, um dos donos da CGR Engenharia Ltda.
Recalde foi uma das 29 pessoas presas na Uragano. Ele foi solto depois e hoje responde processo por suposta participação na quadrilha que fraudava licitações.
O ex-prefeito de Dourados, o vice e 9 dos 12 vereadores também foram presos pela PF durante a operação.
No agravo regimental movido pelos advogados do Midiamax, questionou-se o fato de a censura ter atingido somente o portal de notícias.
”Ao proibir o agravante de divulgar notícias sobre a Uragano e permitir outros veículos “concorrentes” o façam, além de inviabilizar a atividade econômica da empresa jornalística, a enfraquece perante os leitores e o mercado em geral, já que retira de sua pauta assunto de irrelevância jornalística impar, que, contudo, tem sido abordado livremente por outros veículos de informação”, diz trecho do agravo.
O recurso foi acatado pela maioria da Seção Criminal. O desembargador Manoel Mendes Carli foi o relator da causa.
A transcrição das gravações dos diálogos que municiaram as investigações da PF saiu do segredo judicial por um dia, por determinação da Justiça em Dourados. Depois, foi novamente imposto o sigilo pelo TJ-MS.
Assim que caiu o segredo judicial o Midiamax obteve cópias das transcrições e, a partir dali produziu a reportagem sobre a CGR e seus supostos donos.
Na matéria foi publicado um diálogo entre o jornalista Eleandro Passaia, ex-chefe de governo da prefeitura de Dourados, Alziro Moreno, ex-procurador jurídico do município e Zé Humberto, um engenheiro da prefeitura.
Eis um trecho da conversa, registrada no inquérito da PF número 96-2010.
Passaia: Hum! É verdade que a CGR é do André?
Alziro: André.
Passaia: Do governador?
Zé Humberto: Dele e do Giroto.
Passaia: Giroto? E aquele Gilberto, o que que é? Testa de ferro?
Alziro: Não. É sócio.
Zé Humberto: É sócio. É sócio majoritário. Gilberto tá podre de rico. Começou com essa loja aí, a... há trinta e tantos anos atrás.
Passaia: E, caramba.
Zé Humberto: Aqui tudo é do Giroto... da Vale Velho, antiga Vale Velho.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Operação Vintém: Giroto pode ser intimado durante sua diplomação nesta sexta-feira

MIDIAMAX NEWS
Eliane Souza
 
O ex-secretário estadual de Obras de Mato Grosso do Sul, Edson Giroto participa nesta sexta-feira da cerimônia de diplomação de deputado federal, cargo que foi eleito, em cerimônia no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, em Campo Grande, à partir das 18h30. 

Durante o evento ele pode receber a visita de oficiais de justiça enviados para intimá-lo como réu em ação movida depois da Operação Vintém da Polícia Federal, onde Giroto e o governador reeleito André Pucinelli, do PMDB, foram acionados juridicamente em ação de reparação de danos. Oficiais de Justiça tentam intimar Giroto desde outubro, mas não conseguem. E ele mora em Campo Grande. 

Os dois estariam implicados numa trama que incriminou o ex-deputado estadual Semy Ferraz, do PT, durante o período eleitoral de 2006. No carro de um assessor do petista, segundo a PF, puseram santinhos e notas de R$ 20. 


O advogado Celso Pereira da Silva, defensor do ex-deputado Semy Ferraz, protocolizou na tarde desta quinta-feira um pedido para que Edson Giroto seja citado pelo oficial de Justiça na cerimônia além do horário previsto no artigo 172 do Código Penal Processual (Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas). 

Porém o § -  diz que: "Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano." 

O documento foi protocolizado para encaminhamento ao juiz da 13ª Vara Civil da Comarca de Campo Grande. Juridicamente analisando, o documento pode ser indeferido pelo magistrado. Outra chance é a de que Edson Giroto evite que seja citado na cerimônia e se autointime na mesma vara.


Repercussão e o caso

A Comissão de Legislação Participativa da Câmara Federal debateu nesta quinta-feira o falso flagrante de compra de votos armado contra o ex-deputado estadual Semy Ferraz (PT) às vésperas das eleições de 2006.
Escutas da Operação Vintém, da Polícia Federal, apontaram que pessoas ligadas ao governador André Puccinelli (PMDB) teriam plantado "santinhos" grampeados a notas de R$ 20 no carro de um assessor do petista. Até hoje, ninguém foi punido pelo crime. 

Na ocasião, a Operação Vintém da Polícia Federal constatou suposta teria sido feita por André Puccinelli Junior (filho do governador), Girotto, que na época era secretário municipal de obras da Capital, Mirched Jafar Junior e Edmilson Rosa.